Quando fazemos arte, quando criamos, seja com tinta, com barro, com linhas, com madeira, com palavras, com o som, ou com o que quer que seja, estamos lidando com a plasticidade da matéria, com a plasticidade do mundo e com a nossa própria plasticidade. Lidar com a plasticidade é lidar com a possibilidade viva das coisas e dos seres se transformarem – a si mesmos e uns aos outros.
Para o grande filósofo francês Gaston Bachelard, apaixonado pela imaginação criadora, quando o alquimista interfere na matéria – especialmente nos quatro elementos que são a base de todas as coisas para a ciência antiga: fogo, água, ar e terra -, ele atua no processo constante e ininterrupto de transformação e de vir a ser do mundo, das coisas e de si mesmo.
Criar, interferir e lidar com a matéria, modificá-la e ser por ela modificado… Daí a íntima relação entre os caminhos da criação e a arte da alquimia, sobre a qual Jung se debruçou para construir seu olhar para a psique humana e o processo sem fim de tornar-se quem se é, que ele chamou de processo de individuação.